Existem uma série de "regras de composição" ou diretrizes que podemos usar para melhorar as nossas fotografias. As mais comumente conhecidas foram formuladas ao longo dos séculos por artistas que trabalharam em uma variedade de mídias visuais, desde a arquitetura à pintura e fotografia.
Neste artigo, falaremos sobre as três regras de composição mais conhecidas, com exemplos que ilustrarão os conceitos. Vamos discutir por que elas são ferramentas criativas úteis.
Regra dos Terços
Talvez a técnica mais popular, com que os artistas visuais estão familiarizados é a "Regra dos Terços". Simplificando, a ideia é que os elementos composicionais significativos, serão colocados ao longo de linhas imaginárias que dividem a imagem em terços, tanto horizontalmente quanto verticalmente. Elementos de particular interesse poderão ser colocados na intersecção destas linhas, para criar uma composição mais expressiva e dinâmica, tal como demonstrado no par de imagens abaixo.
A regra dos terços foi mencionada pela primeira vez na literatura, pelo pintor John Thomas Smith em 1797. No entanto, exemplos de artes usando esse tipo de composição podem ser encontrados em tradições artísticas que remontam à antiguidade. As artes da Ásia Oriental são particularmente conhecidas pelo uso de composições assimétricas que também fazem uso da regra dos terços.
Assimetria
Em qualquer uma das técnicas de composição discutidas neste artigo, estaremos buscando destacar determinados elementos da imagem e criar um equilíbrio interessante entre os elementos.
Criar uma composição de 'terços' muitas vezes introduz assimetria em uma imagem e ajuda a criar um senso de drama que pode faltar em imagens perfeitamente simétricas.
Na imagem abaixo, você poderá ver que os olhos da modelo tanto o do cavalo, estão localizados em uma grade imaginária ao longo da imagem. O olho direito do cavalo está localizado na intersecção de duas linhas da grade. O olho esquerdo da modelo está localizado na linha imaginaria da esquerda.
Os olhos são, obviamente, fortes elementos de composição. O nosso olhar é naturalmente atraído para os olhos dos outros. Colocar elementos importantes ao longo da grade terços ajuda a chamar a atenção para eles.
Antes de continuar, gostaria de salientar que, embora existam benefícios óbvios ao fotografar a sua imagem tendo a regra dos terços em mente, você ainda pode colher os benefícios da composição pós-captura. Uma boa maneira de treinar seu olho com a regra dos terços é utilizar as imagens que já tem arquivadas, fazendo cortes utilizados esta regra.
Equilíbrio dinâmico
Além de ser útil para determinar o posicionamento das características mais dramáticas, como o olho de uma modelo, a regra dos terços pode ser usada para compor uma imagem com mais equilíbrio. A imagem da paisagem no início do artigo é um exemplo disto, onde a regra dos terços foi usada para determinar a colocação da linha do horizonte e as principais características geológicas.
Aqui está outro exemplo onde essa regra é usada para criar o equilíbrio em uma composição dinâmica. Na imagem abaixo, a modelo ocupa apenas o centro do terço mais à direita. O terço esquerdo da imagem é um espaço "negativo", proporcionando uma forte sensação de movimento através do contraste e da progressão dos tons na fotografia.
Tente visualizar como seria a imagem se a modelo fosse posicionada no centro do quadro. A composição perderia não só grande parte do seu drama, mas também o seu sentido de movimento.
Golden Ratio (Proporção Áurea)
Outro conceito visual formulado na antiguidade e ainda utilizado hoje em dia, vem de arte grega antiga. É conhecido como Golden Ratio (também conhecido como Golden Mean ou Proporção Áurea ). Vamos falar um pouco sobre a matemática por trás disso depois, mas em sua essência, a proporção áurea é como a regra dos terços, simplesmente uma forma de dividir o quadro da imagem em segmentos retangulares. Estes “retângulos áureos" têm proporções que os antigos gregos acreditavam ser especialmente harmoniosos e agradáveis aos olhos. Colocar elementos de composição de importância no interior ou na interseção desses retângulos pode dar-lhes maior destaque e criar uma imagem bem equilibrada, como a que você vê abaixo.
A matemática por trás da proporção áurea é mais difícil de entender do que a da regra dos terços. Mas vale a pena ficar familiarizado com o conceito.
A proporção áurea é aproximadamente equivalente a 1:1,6, ou, 3/8, 5/8. Na figura abaixo você tem dois segmentos de linha, a e b. O segmento de linha (a) é 1.6x maior do que o segmento (b). E o segmento combinado, a + b é maior do que o seguimento (a) 1.6x . Assim, as proporções de segmentos de linha a e b expressa a proporção áurea.
Para maiores informação acesse: http://goo.gl/jI86G
Um retângulo áureo (mostrado abaixo) é aquele cuja lateral (b) em seu comprimento é menor que o lado (a) seguindo a proporção de 1:1,6. Dai em diante é possível multiplicar ou dividir os tamanhos seguindo esta mesma proporção de 1:1,6, criando retângulos maiores ou menores.
Então, como exatamente isto funciona na composição? Vamos dar uma olhada na fotografia. Nós começaremos com a parte superior da imagem. Porque uma relação de 1:1,6 não é muito fácil de visualizar. Podemos pensar nisso como 3/8: 5/8, o que significa que nós estamos dividindo a armação de um lado por 3/8. Na segunda imagem dividindo novamente na horizontal por 3/8.
Com o nosso primeiro retângulo áureo criado, podemos repetir este processo para criar um segundo retângulo áureo menor dentro daquele, como você pode ver na segunda imagem acima. A parte mais dramática iluminada do corpo da modelo encontra-se dentro do nosso primeiro retângulo. E seu rosto está em grande parte no segundo retângulo. É através da inclusão de elementos de composição importantes dentro desses retângulos que podemos chamar a atenção para eles. Tal como acontece com a regra dos terços, esta abordagem cria uma composição assimétrica, que serve para direcionar o olhar do espectador.
Diagonais
Artistas visuais compreendem intuitivamente que o uso de elementos da diagonal é ainda outra forma de criar um drama na composição unidimensional. As linhas diagonais podem levar o olho através de uma imagem e ajudar a gerar uma sensação de movimento. Na fotografia de paisagem, diagonais são formadas usando estradas, riachos, paredes ou outras características lineares.
Ao fotografar pessoas, a silhueta do braço, perna ou costas de uma modelo podem ser utilizadas. É importante entender que a composição diagonal não precisa ser limitada a linhas explícitas ou as bordas de uma forma.
Como isso funciona? Desenhe linhas imaginárias provenientes dos cantos do quadro de uma imagem em ângulos de 45 graus, como mostrado abaixo, e coloque elementos importantes ao longo destas linhas. Na primeira imagem, note como o olho da modelo, o pé esquerdo, e a lente da câmera perto de seus pés são colocados exatamente sobre diagonais provindas dos cantos da imagem. O punho do guarda-chuva encontra-se em um ponto de ancoragem onde duas diagonais se interceptam.
A segunda imagem é uma tomada do mesmo tipo em que não é observado o “Método Diagonal”. A composição parece "apertada", com o detalhe da câmara demasiadamente perto da parte inferior da imagem. E não há quantidade de espaço suficiente no primeiro plano da imagem, em relação à quantidade de espaço vertical acima da modelo.
O fotógrafo holandês Edwin Westhoff formulou o que ele chamou de "O Método Diagonal", como uma regra de composição que encapsula a ideia. Ele tem um bom artigo com inúmeros exemplos que explica essa abordagem com mais profundidade.
Colocando essas regras em prática
Saber como chamar a atenção para algum elemento levanta a questão: O que exatamente você deve tentar destacar e quais as regras são melhores em cada caso?
Pense sobre os pontos focais da imagem. Você está tentando chamar a atenção do espectador para uma característica particular? Olho de um modelo? Um produto? Pense sobre o uso de alterações de cor e textura ou espaço negativo e positivo em relação a essas regras.
Como acontece com qualquer técnica, a maneira de se familiarizar com ela é através da prática consciente. Comece com a Regra dos Terços (é a mais fácil de visualizar) e tentar enquadrar imagens através do visor ocular da câmera ou LCD, tendo a regra em mente (algumas câmeras possuem grelha de terços para auxiliar). Esta é uma ótima maneira de aprender a "ver" as composições e começar a interiorizar a técnica.
Proporção Áurea e diagonais serão certamente mais difíceis de praticar no momento de fotografar. Poucos são os que podem visualizar retângulos alinhados enquanto estão fotografando. Porem, muitos programas de edição populares oferecem sobreposições de corte as regras de composição, o que torna muito fácil aplicá-las na hora da edição.
É claro, essas regras é apenas uma amostra das técnicas à sua disposição para a realização de uma composição agradável. Outras, são formuladas em torno de ideias de balanço de cor, foco seletivo, plano de fundo, enquadramento, geometria ... a lista continua. As regras que abordamos, são um bom ponto de partida para pensar criticamente sobre composição.
Recomendam-se essas regras como ferramentas úteis para ajudar a criar imagens interessantes, dinâmicas, dramáticas. Mas, como em qualquer empreendimento criativo, estas regras devem ser tomadas mais como sugestões ao invés de regras obrigatórias. Sim, vale a pena aplicá-las conscientemente por um tempo, mas não deixe estas regras serem as únicas vozes que você ouve durante o seu processo criativo. Na verdade, é por ter uma compreensão da teoria por trás dessas regras que às vezes você pode criar imagens dramáticas e surpreendentes.
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Até a Proxima!
Créditos: Adaptado de Thomas Park para D preview.
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